quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Não ao trabalho escravo

BRASÍLIA - Condições que caracterizam trabalho degradante aliadas à formas de privação de liberdade foram apontadas no relatório do Ministério do Trabalho e Emprego sobre uma fiscalização na Fazenda Pará Pastoril Agrícola (Pagrisa), no Pará, em junho, que resgatou 1.108 trabalhadores sujeitos à trabalho escravo no local.
De acordo com o documento, a fiscalização encontrou alojamentos superlotados, esgoto à céu aberto, banheiros sem descarga, bebedouros que não funcionavam e indícios de que os empregados não utilizavam equipamentos de proteção durante o corte de cana-de-açúcar. Constatou também a exposição de trabalhadores a jornadas de 14 horas e transporte inadequado, com ônibus sem cadeiras.
- São fartos materiais demonstrando as condições subumanas que eram submetidas os trabalhadores dessa empresa (Pagrisa) - disse o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, nesta quarta, ao apresentar o relatório integral, com 18 volumes, à Subcomissão Temporária do Trabalho Escravo, da Comissão e Direitos Humanos do Senado.
No documento também constam relatos de empregados denunciando a falta de qualidade da água e da alimentação - azeda - e, conseguintemente, frequentes infecções intestinais. "A Pagrisa reconhece que no mês de junho, 38 trabalhadores foram registrados com sintomas de diarréia que poderiam estar relacionados à alimentação", diz o documento.
Para caracterizar o trabalho escravo, o relatório também aponta servidão por dívida. E destaca que os trabalhadores tinham descontado do salário a aquisição de remédios e alimentos. "Havia casos de ágio de mais de 100% em relação ao preço dos medicamentos comercializados em uma farmácia de Marabá (PA)", afirma trecho do relatório.
A servidão por dívida também foi apontada pela forma como o pagamento era efetuado pela empresa. O relatório cita pelo menos 31 trabalhadores com contracheques zerados no mês de abril, e ainda outros "com valores que não chegavam a R$ 10", enquanto o combinado com a empresa era o recebimento de um salário mínimo (R$ 380) mais um bônus por produtividade. "Não eram raros os casos de obreiros que não produziam o suficiente para custear as despesas", ressalta o texto.

Postagem: Lourival

Site: http://extra.globo.com/pais/materias/2007/09/27/297917731.asp

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